Teatro de Ferro (Portugal)

Bela Adormecida

Uma Bela Adormecida diferente! Os seus sonhos eram tão intensos e tão estranhos, que se misturavam com os sonhos dos que cuidavam dela e com a realidade. Para os mais pequenos e os menos pequenos!

TEATRO TABORDA
27 e 28 de Maio às 16h (Sábado e Domingo)

Encenação, cenografia e sonoplastia: Igor Gandra Interpretação: Carla Veloso, Diogo Martins, Dóris Marcos e Igor Gandra Marionetas e adereços: Eduardo Mendes Desenho de luz: Teatro de Ferro e Mariana Figueroa Filme: Igor Gandra (direcção), Carlota Gandra (edição e montagem), Hernâni Miranda e Igor Gandra (Marionetas e adereços), Álvaro Pinto, Cândida Alves, Carla Veloso, Carlota Gandra, Hernâni Miranda, Maria Antónia Bacelar, Maria Rouco, Mariana Ferreira, Mário Gandra, Matilde Gandra (Intérpretes) Oficina de construção: Hernâni Miranda (filme), Eduardo Mendes (coordenação geral), Américo Castanheira, Luísa Natário, Marta Figueroa e Débora Castro (Estagiária da Escola Profissional de Campanhã) Confecção de figurinos: Ana Ferreira Fotografia: Susana Neves Produção Executiva: Carla Veloso Assistente de produção: Débora Castro Produção: Teatro de Ferro Agradecimentos: Maria dos Prazeres Rovisco, Teatro Nacional São João Estrutura Financiada por: República Portuguesa - Ministério da Cultura / DGArtes Técnica: Manipulação à vista Idioma: Português Público-alvo: +4 Duração: 50 min.



A nossa Bela Adormecida!
Para os mais pequenos e os menos pequenos.
Bela adormeceu. Diz-se que se picou num parafuso, ou uma coisa assim. Seja como for, ela adormeceu mesmo e continuou a dormir durante muitos anos.  Parecia-nos estranho que ninguém cuidasse dela ao longo desse tempo todo. Então arranjámos não uma, não duas, mas, pelo menos três pessoas para tomar conta dela enquanto dormia. Ela, enquanto dormia, sonhava. Eles procuravam garantir que estava tudo bem e que a nossa Bela sonhava e que crescia enquanto sonhava. Bela dormiu tanto tempo que adquiriu uma prática incrível na arte de sonhar e por vezes os seu sonhos eram tão intensos e tão estranhos, que se misturavam, quer com os sonhos dos que cuidavam dela, quer com a sua realidade, nessa altura era ela que tinha de olhar por eles.
Um dia ela, se calhar, acordou e as pessoas, se calhar, começaram a dedicar-se a coisas diferentes, mas ficaram para sempre camaradas de Bela.






"A nossa Bela Adormecida, algumas notas sobre a ensonhação.
Um ponto, uma linha e um plano.
Um ponto de partida. Trabalhar sobre uma história ou um texto muito conhecido é sempre um bom pretexto para pensar nos aspectos menos evidentes. A nossa versão afasta-se assumidamente de uma tentativa de colocar em cena o conto e procura alguns caminhos por entre as interrogações que persistem nas diversas leituras que foram feitas (...).
A marioneta, a noção de manipulação, ocupa, como é recorrente no nosso trabalho, um lugar central. É também esta dupla condição do actor-marionetista que nos move aqui: fazedor-espectador de algo que se materializa simultaneamente dentro e fora do nosso corpo. Um pouco como num sonho, dentro e muito dentro de cada um de nós.
O sonho é um acto criador e a nossa bela adormecida é uma criadora–intérprete  num sonho de teatro. Neste sonho-teatro há palco e plateia, há cortinas e luzes... No palco dos sonhos a nossa Bela é uma actriz, uma performer, uma artista, na obscuridade da plateia ela é mais do que espectadora ela é encenadora, ela é, na verdade, uma ensinadora.
Quem conta um conto acrescenta um ponto, uma linha e um plano – ou muitos. Neste curto e intenso exercício onírico-teatral há vários espectáculos dentro do espectáculo, à boa maneira dos que um dia tentaram sonhar alguém e descobriram que eram eles próprios matéria dos sonhos de outros, buscamos aqui também essa circularidade imperfeita que nos permite ir um pouco mais adiante."
- Igor Gandra, Março 2017


BIO

O Teatro de Ferro surgiu em 1999. Criado inicialmente como um rótulo para as criações de Igor Gandra e Carla Veloso, o projecto foi evoluindo gradualmente para a condição de estrutura profissional de criação.
A escolha deste nome, Teatro de Ferro, pressupõe uma noção de matéria primordial, resistente e ao mesmo tempo mutável: este processo de transformação continua a inspirar o grupo. O trabalho da companhia tem sido desenvolvido no campo do teatro de e com marionetas e objectos. É um projecto que assenta numa lógica de investigação em que a marioneta tem assumido um valor matricial, nas suas hibridações possíveis, tentadas e tentadoras. As relações, do corpo-intérprete com o objecto manipulado e a implicação de cada espectador na construção desta relação, são linhas de reflexão transversais à prática artística do TdF. Os espectáculos realizados devem ser inscritos nas formas teatrais e dramatúrgicas que colocam a palavra num plano de igualdade em relação a outras linguagens e a promoção da dramaturgia contemporânea portuguesa é um traço caracterizador do seu projecto artístico, pelo que a companhia tem trabalhado principalmente com textos originais de autores portugueses.
O TdF tem vindo a alcançar públicos heterogéneos e as parcerias improváveis, a procura de contextos alternativos aos circuitos das artes do espectáculo, a intensa actividade itinerante, a criação destinada aos mais jovens e os projectos de acção cultural são os gestos mais claros no percurso da companhia.